“Seus feitos permanecerão vivos enquanto os homens voarem. Suas vitórias, no campo de batalha, estarão em nossos corações enquanto os homens honrarem o heroísmo e a coragem.”

E. Aldridge Jr. Secretário da USAF, na entrega da Presidential Unit Citation ao 1° GpAvCa.


CAMARADAS!

É com o mais justificado júbilo que celebramos hoje com os nossos valorosos aliados a vitória esplêndida que marcou o epílogo desta guerra sangrenta e impiedosa, o mais trágico acontecimento de nossos tempos e que tão profundamente feriu o mundo inteiro.
Chegamos assim, ao término de nossa jornada, longa e árdua, iniciada há sete meses, quando pela primeira vez hasteamos em solo italiano a nossa bandeira.

Distante de nossa Pátria há quase dois anos em intenso treinamento para nos adestrarmos no manejo de nossas armas, para ela estiveram voltados nossos corações é nosso pensamento; distante de nossa terra, e de nossa gente, nelas buscamos a inspiração vigorosa para os nossos feitos na luta contra as forças do mal, contra o inimigo comum que tanto violentara os princípios de liberdade humana e tanto fizeram periclitar as bases de nossa civilização.

Nos campos de batalha da Europa, vós todos deste Grupo de Caça, como os nossos irmãos da FEB, ombro a ombro com os nossos bravos.
Nos céus da Itália, escrevestes os vossos feitos gloriosos, vencendo os lances mais difíceis de nosso áspero caminho. Nos céus da Itália ainda vibrastes na couraça robusta do inimigo golpes profundos e destruidores que de certo reduziram-lhe as forças para a luta; com vossa perícia e vosso fogo mortífero, soubestes desmoralizá-los, bloqueando-lhes, obstruindo-lhes a retirada.

Realizastes esplendidamente a vossa tarefa guerreira; vós que feristes diretamente o inimigo, vós outros que afiastes as armas de nossos pilotos e tornastes possível manter nos céus inimigos as asas brasileiras.

Magnífica foi, pois a vossa atuação, cujo valor poderá ser medido ao lado do exemplo de heróica bravura e heroísmo, espírito que nos legaram os inesquecíveis companheiros tombados por ação inimiga nos campos de batalha.

Imolados no cumprimento do dever, seus feitos e seus exemplos, serão a inspiração máxima dos aviadores brasileiros. À nossa História Militar, juntastes mais um capítulo escrito só de bravura e heroísmo, com a simplicidade dos que desconhecem sacrifícios, até o da própria vida, no cumprimento do dever.

Camaradas! Sou profundamente grato a todos vós e me orgulham o vosso valor, as vossas gloriosas realizações nesta guerra.
Comandá-los e tê-los conduzido nesta jornada que agora se encerra com a grande vitória final, foi sem dúvida o maior privilégio que a mim poderia o destino ter reservado."

Itália (Pisa), 09 de maio de 1945.


1° GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA NA ITÁLIA, 1944-1945

Instituiu-se o 1° Grupo de Aviação de Caça em 18 de dezembro de 1943.
Criada a Unidade e nomeado o seu Comandante, o então Major Nero Moura, foi aberto o voluntariado na FAB para a constituição do pessoal que iria em breve desagravar a honra da Pátria nos céus da Itália.

Nero Moura recrutou, entre os voluntários, 32 homens que com ele embarcaram, em 3 de janeiro de 1944, para a Escola de Tática, em Orlando, Flórida, enquanto a maioria do pessoal seguia, por via aérea, para Albrook Field, Panamá, onde aguardaria o Comandante e seus homens-chave.

Com a chegada de Nero Moura, todos foram para a Base Aérea de Aguadulce, equipada com aviões de caça P-40, ali iniciando o treinamento da Unidade como um todo: pessoal do escalão terrestre e pilotos.

No dia 11 de maio 1944, o 1° Grupo de Caça passou a operar independentemente, participando do esquema da defesa do Canal do Panamá, com cerca de cem saídas em missões de interceptação.

Terminado o curso de caça, deixamos Aguadulce no dia 22 de junho de 1944, por via terrestre, até Albrook, embarcando, em 27 de junho de 1944, às 12 horas, em navio de transporte americano que, após atravessar as comportas do Canal do Panamá, nos levou ao porto de Nova York, onde desembarcamos no dia 4 de julho de 1944. Dali seguimos em barcaças, subindo o rio Hudson, até Camp Shank, Estado de Nova York, permanecendo 48 horas naquele local, em quarentena.

Na manhã do dia 16, um trem vagaroso e desconfortável levou-nos a Suffolk, Long Island, quando, finalmente, terminamos a longa viagem, às 17h30min desse dia.

Em Suffolk fomos apresentados ao P-47 – Thunderbolt, então moderníssimo avião de caça da USAF, que marcou época nos Teatros de Operações do Pacífico e Europa durante a 2ª Grande Guerra.

Nesse aparelho repetimos o mesmo treinamento realizado nos P-40 em Aguadulce; partimos, dia 10 de setembro de 1944, chegando em Patrick Henry, Virgínia, em 11 de setembro 1944, aguardando ali o dia do embarque para a Itália, que se deu às 18h30min de 19 de setembro de 1944, no navio UST Colombie.

Desembarcamos em Livorno, Itália, a 6 de outubro de 1944, partindo imediatamente de trem para a Base Aérea de Tarquínia, chegando no dia seguinte.

Após os primeiros dias gastos naquela Base, na instalação da Unidade em acampamento armado em barracas de lona, passamos ao controle operacional do 350th Fighter Group, operando com a denominação de 1st Brazilian Fighter Squadron, pois em nossa organização o efetivo do 1° Grupo de Aviação de Caça correspondia ao efetivo de um Esquadrão de Caça, na organização de Força Aérea Americana.

Há pouco nos havíamos instalado e já iniciávamos as operações em 31 de outubro de 1944. Logo a seguir, em 21 de novembro de 1944, tivemos que nos deslocar novamente para a Base Aérea de San Giusto, na cidade de Pisa, onde ocupamos alguns dos principais prédios da cidade, inclusive o Albergo Nettuno, ali ficando até o final da guerra.

No regresso ao Brasil, o Grupo deixou Pisa em 26 de junho de 1945, em caminhões, embarcando no navio General Meighs, no porto de Nápoles, no dia 6 de julho, atracando, no cais da Praça Mauá, a 18 de julho.

Comandados pelo Coronel Nero Moura, uma formação de 19 Thunderbolts deslocou-se pelo ar desde Kelly Field, Texas, pousando no Campos do Afonsos, Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1945.

É uma síntese, mas o leitor poderá acompanhar o desenvolvimento de cada uma das histórias na estrutura narrativa do livro “Senta a Pua!”. (LIMA, Rui Moreira. SENTA A PUA!, p 17, Biblioteca do Exército, 1979).


A ORIGEM DO “SENTA A PUA!”

Segundo Austregésilo de Athayde, “Senta a Pua! significa lançar-se sobre o inimigo com decisão, golpe de vista e vontade de aniquilá-lo. Quem vai sentar a pua não tergiversa. Arremete de ferro em brasa e verruma o bruto”.

O “Senta a Pua!” passou a fazer parte do palavreado obrigatório do Grupo. Era comum se ouvir frases assim: “Hoje vou senta a pua no voo noturno”, ou então um berro através do rádio durante uma instrução de combate: “Senta a Pua! número quatro, estás atrasado”.

E o “Senta a Pua!” viajou... deixou o Panamá indo para os Estados Unidos, onde o grupo sentava a pua nos nights clubs, no P-47, no carro do ano comprado ou alugado e em tudo mais... partiu para a Itália, transformando-se no grito de guerra do 1° Grupo de Caça, simbolizado pelo avestruz guerreiro criado pelo Fortunato. Quantas vezes ouvimos no Vale do Pó diálogos como esse: “Jambock Yellow estou vendo uma locomotiva “já era”; “Atenção Jambock Green, o objetivo é aquela ponte a este de Manerbio – Senta a Pua!”, e a esquadrilha mergulhava, executando a missão de bombardeio picado, destruindo-a.

E o “Senta a Pua!” foi ganhando corpo, ganhando força. De repente ninguém mais no Grupo dizia uma frase sem um “Senta a Pua!” como complemento. Nasceu, assim, com naturalidade, o grito de guerra dos Jambocks do 1° Grupo de Caça.

(LIMA, Rui Moreira. SENTA A PUA!, p 39, Biblioteca do Exército, 1979).


DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA – 22 DE ABRIL

No “22 de Abril” de 1945, que hoje é comemorado o dia da Aviação de Caça, 11 missões de 44 saídas, com apenas 22 pilotos que cumpriram corajosa e eficientemente a meta estabelecida para a Ofensiva da Primavera.

O comandante do 350th Fighter Group considerando exagero o 1º Grupo realizar tal escala, julgava melhor a retirada do Grupo do Front, mas nossos caçadores o convenceram e se mantiveram em combate.
E as Glórias desse dia foram as responsáveis pela Citação Presidencial dos Estados Unidos da América, honraria que o 1º Grupo recebeu em 1986.


O SÍMBOLO DO 1° GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA

Porto de Norfolk, Virgínia, EUA - 20.09.1944 - Aqui inicia-se a história do avestruz de quepe.

Pronto para embarcar para o Teatro de Operações, com o grito de guerra em todas os gargantas, faltava ao Grupo um emblema. Coube ao Capitão Aviador Fortunato Câmara de Oliveira, o Comandante da Esquadrilha Azul, artista cuja característica é a criatividade de impacto, desenhá-lo, o que foi feito a bordo do navio USAT Colombie, que transportou a Unidade do Porto de Norfolk. Virgínia, EUA, ao porto de Livorno.
Apareceu, então, pela primeira vez, a figura atlética do Avestruz do 1º Grupo de Caça, que nunca escondeu a cabeça diante do perigo, como reza a tradição dos seus primos.

Ao contrário, os que o levaram em suas missões de guerra, pintado na carenagem do motor dos Thunderbolts, foram condecorados por atos de bravura pelo Governo dos Estados Unidos, por proposta do Comandante da 12ª Força Aerotática da USAAF, a quem o 1º Grupo de Caça estava subordinado operacionalmente no Teatro de Operações do Mediterrâneo.

O Avestruz Guerreiro do "Senta a Pua!" foi para a FAB o que representa o emblema "A Cobra Está Fumando" para o Exército, através das batalhas de Monte Castelo, Montese e outras, sustentadas e vencidas pelos heróicos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira.

Fonte: www.sentandoapua.com.br

Simbologia do Emblema:
Faixa externa verde-amarela
- o Brasil.
Avestruz - velocidade e maneabilidade do avião de caça e o estômago dos pilotos, que aguentava qualquer comida.
Quepe do avestruz - piloto da Força Aérea.
Escudo - a robustez do P-47 e proteção ao piloto.
Fundo azul e estrelas - o céu do Brasil com o Cruzeiro do Sul.
Pistola - poder de fogo do Thunderbolt.
Nuvem - o espaço aéreo.
Fumaça e estilhaços - a artilharia antiaérea (FLAK) inimiga.
Fundo vermelho - o sangue derramado pelos pilotos na guerra.
Frase "Senta a Pua" - o grito de guerra do 1º GAvCa.


MENSAGEM AOS CAÇADORES

A foto da Maria Boa está em algum lugar na caixa da Edição Especial SENTA A PÚA.

Boa Caça!